terça-feira, 28 de abril de 2009

Sentir.


Essa é palavra da minha vida. Não existe nada além dela, tudo se sintetiza nela e nela tudo se baseia. Porém, ouvi dizer que as pessoas na contemporaneidade têm medo... Têm medo e fogem assustadas do que ela pode significar. No entanto eu sou ela. É difícil pra mim traçar uma linha que nos separe. Cada retalho, por ínfimo que seja, da colcha da minha história respira e gira alegre e tristemente em torno do sentir.
Nisso consiste a minha maior qualidade e o meu maior defeito. Sentir foi pra mim o que me trouxe felicidade e amargura... Foi o que me iluminou feito o sol e me carregou de trevas como a sombra que encobre a luz num derradeiro eclipse.
Não escolhi esse caminho; não desejei que meu ser se inundasse de sentimentos e fosse constituído milimetricamente por eles. Calafrios me tomam por inteiro quando tomo consciência de que sou montada peça por peça por momentos e lembranças, que por mais que corram não conseguem fugir ou se esconder da fatalidade que é essa palavra. Ela age como uma sentença. Um fardo a ser carregado. Porque quem sente, sabe que não existe pior pesadelo. Sabe que os momentos que passam são marcados com tanta dor e sofrimento que as vezes imploramos pra não mais existirem. Sabe que o escuro parece ser sempre mais veloz e sempre tem mais vez. Ele aparece sorrateiramente e toma conta de tudo antes mesmo de um súbito piscar de olhos.
Se permitir sentir é se arriscar. É sofrer e chorar muito mais que sorrir... Gostaria de ser clichê e dizer que o risco vale a pena, afinal se você se fecha pro mundo, você não chora, mas também não tem a chance verdadeira de sorrir sinceramente. Mas quem sou eu pra afirmar que é mesmo assim tão bom sentir? Quem sou eu pra garantir a luz no fim do túnel, o otimismo, o valer a pena? Não quero iludir ninguém, nem dar falsas esperanças. O que posso garantir é que esse medo não é completamente infundado. Ele foi criado; surgiu da certeza de que não há perigo maior que a vulnerabilidade. Entretanto no final, todos dizem sentir... e tolos, sabem que mentem. Todos dizem querer, mas se assustam e correm como crianças. É incrível quantas armaduras existem. Tantos castelos envoltos por penhascos e fossos, quantos muros... E eu, mesmo sendo o próprio sentir, não sou diferente. Eu também corro, me escondo... Porém é de mim mesmo. Meu medo vem do espelho...

domingo, 26 de abril de 2009

Cores

by ~cloning on DeviantArt

De repente me vi buscando por elas.
Busco, também, o não-linear, as estampas, o mutável.
Engraçado... não vi meus olhos mudarem.
O preto, o branco, o cinza, o reto, o rígido, o regrado: não mais sou eu.
A imagem no espelho não sou eu.
Sou cores.
Admito minha inconstância.
Não quero aprisioná-la numa regra monocromática, em um planejamento de segurança.
É a absoluta urgência do agora.
"Agora é um instante. Você sente? Eu sinto."
Sinto seu perfume, sua textura, sua temperatura...
Sinto as cores refletidas, no meu agora, por mim.
E varia.
De novo, de novo... Ou não.
Inconstância na constância do inconstante.
Me lanço, apesar do medo, às minhas "mutações caleidoscópicas".
Não quero antecipar.
Quero, agora, ver o mundo sem restrições.
Ver, absorver, complexar, refletir.
Quero me apaixonar pelo novo, pelo livre, pelo passível de mudança.

Supreenda-me.