By ~hotburrito2 on DeviantArt
Vê...
Olha pela varanda.
Daqui eles são pequenos,
Daqui eles parecem longe.
Parecem?
Mesmo a um palmo de mim,
Pra mim...
Eles ainda estariam longe.
Mas vê.
Olha...
Aquele casal.
Ele sorri,
Ela franze o cenho,
Mas força um sorriso.
Sorrisos distantes.
Mesmo quando a boca encosta os sorrisos estão distantes.
Eles estão distantes,
Tanto quanto eu, que olho, do alto, de longe, despercebida.
É como se fosse um quadro.
Eu olho de longe e não consigo encostar na casa nela pintada.
Mas de perto,
Mesmo que encoste eu não toco a casa.
Eu toco a tinta.
A casa ainda está longe.
Em outro plano.
Não é só o casal.
Aquela senhora está mais longe ainda.
Não tem o sorriso,
Não tem o cenho franzido,
Não tem expressão.
Ela está ali?
Ela está mais longe.
Nem a interpretação da pintura eu consigo fazer.
Me interessa mais.
Ela tem o sabor do neutro.
E eu não sei o que é isso.
Olha..
É belíssimo.
O olhar foca onde não consigo ver.
É um olhar morto.
E do morto eu não conheço.
E do morto ela também não deve conhecer.
Mas vê e responde com o não sentido de não ver.
Vê o “triangulo incompreensível” e de nada dele pode extrair.
Uma lágrima agora estragaria tudo.
Estragaria o neutro, o insosso daquele olhar perdido de quem não procura sentido porque o sentido não há.
Ela é bela.
Quanto mais distante, mais quero me aproximar.
Tenho medo.
Eu sei que mesmo ali ao lado dela não verei o que ela vê.
Sequer a verei de perto, ela já é a casa inalcançável...
O que tem na casa e a vista de lá nunca será minha.
E se eu chegar perto...
Eu serei o inferno dela.
Vou arrancar dela a beleza do neutro porque verá em mim o desespero dos sentimentos.
O cenho franzido, a lágrima, o sorriso.
A angústia me tira a possibilidade de ver o que não faz sentido e aceitá-lo como tal.
Como ela pode?
Eu vejo aquela criança.
Você vê?
Uma explosão ambulante do que é mutante.
Intenso.
Vê tudo, fantasia tudo, perde tudo.
Mas ela não.
Ela vê,
Ela aceita,
Ela perde,
Mas não sabe o que perdeu.
E simplesmente não importa.
Como ela pode?
O que ela vê?
Se ela sentisse meu olhar como reagiria?
Ela voltaria a angústia?
Espera...
Será que ela vê algo?
O olhar é morto.
Eu não sei.
Eu me distancio do real cada vez que tento me aproximar.
E se ela não vê?
E se todas as possibilidades me levam ao mais distante.
Eu, mais uma vez, estou a não aceitar o que não faz sentido.
E, pra mim, ela vê a morte.
Mas o inferno é o neutro. Até no sentir.
Olha pela varanda.
Daqui eles são pequenos,
Daqui eles parecem longe.
Parecem?
Mesmo a um palmo de mim,
Pra mim...
Eles ainda estariam longe.
Mas vê.
Olha...
Aquele casal.
Ele sorri,
Ela franze o cenho,
Mas força um sorriso.
Sorrisos distantes.
Mesmo quando a boca encosta os sorrisos estão distantes.
Eles estão distantes,
Tanto quanto eu, que olho, do alto, de longe, despercebida.
É como se fosse um quadro.
Eu olho de longe e não consigo encostar na casa nela pintada.
Mas de perto,
Mesmo que encoste eu não toco a casa.
Eu toco a tinta.
A casa ainda está longe.
Em outro plano.
Não é só o casal.
Aquela senhora está mais longe ainda.
Não tem o sorriso,
Não tem o cenho franzido,
Não tem expressão.
Ela está ali?
Ela está mais longe.
Nem a interpretação da pintura eu consigo fazer.
Me interessa mais.
Ela tem o sabor do neutro.
E eu não sei o que é isso.
Olha..
É belíssimo.
O olhar foca onde não consigo ver.
É um olhar morto.
E do morto eu não conheço.
E do morto ela também não deve conhecer.
Mas vê e responde com o não sentido de não ver.
Vê o “triangulo incompreensível” e de nada dele pode extrair.
Uma lágrima agora estragaria tudo.
Estragaria o neutro, o insosso daquele olhar perdido de quem não procura sentido porque o sentido não há.
Ela é bela.
Quanto mais distante, mais quero me aproximar.
Tenho medo.
Eu sei que mesmo ali ao lado dela não verei o que ela vê.
Sequer a verei de perto, ela já é a casa inalcançável...
O que tem na casa e a vista de lá nunca será minha.
E se eu chegar perto...
Eu serei o inferno dela.
Vou arrancar dela a beleza do neutro porque verá em mim o desespero dos sentimentos.
O cenho franzido, a lágrima, o sorriso.
A angústia me tira a possibilidade de ver o que não faz sentido e aceitá-lo como tal.
Como ela pode?
Eu vejo aquela criança.
Você vê?
Uma explosão ambulante do que é mutante.
Intenso.
Vê tudo, fantasia tudo, perde tudo.
Mas ela não.
Ela vê,
Ela aceita,
Ela perde,
Mas não sabe o que perdeu.
E simplesmente não importa.
Como ela pode?
O que ela vê?
Se ela sentisse meu olhar como reagiria?
Ela voltaria a angústia?
Espera...
Será que ela vê algo?
O olhar é morto.
Eu não sei.
Eu me distancio do real cada vez que tento me aproximar.
E se ela não vê?
E se todas as possibilidades me levam ao mais distante.
Eu, mais uma vez, estou a não aceitar o que não faz sentido.
E, pra mim, ela vê a morte.
Mas o inferno é o neutro. Até no sentir.