sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Silêncio

by ~smokeworld on DeviantArt

Eu acordei.
Não me recordo porque acordei,
mas sei que havia algo que eu deveria fazer.
Desci lentamente da escada do beliche.
Estava bem cedo,
eu não queria acordar ninguém.
Tomei um banho e me arrumei.
Quer saber...
Vou à praia.
Sai do quarto abri a porta e andei.
Mais de 3 hora e 40 minutos em silêncio.
Eu acho engraçada a sensação de ficar tanto tempo em silêncio.
Muitas palavras, muitas palavras dentro de mim e nenhuma sai.
Assim,
pelo menos,
eu não preciso me preocupar com o exato fato de que elas sairiam.
Não é preciso que saiam.
Mais de 3 hora e 40 minutos sem que as minhas palavras precisassem sair de mim.

Eu via o mar em silêncio e ele,
em silencio,
me respondia que eu nada precisaria falar pra ele.
Eu amei.
Eu amei... o mar.
Eu o olhava admirada.
O mar sabia que ali,
eu o amava.
E vinha devagar na minha direção.
E ia devagar embora,
pois o mar deve saber que do amor se forma um jogo.
O mar sempre joga.

Ainda em silêncio,
eu jogava de amar.
Mas como sempre me vem,
que nem a vontade da fala,
me veio o desejo de se entregar ao outro e sê-lo.
Eu queria ser o mar.
Quem sabe assim eu poderia aceitar o silêncio de você
E,
quem sabe assim você me amaria.
Eu tive um impulso.
Eu andaria até ele.
Molharia os pés,
não cessaria de andar.
Uma hora não daria mais pé.
Me leva correnteza,
me leva.
As ondas iriam quebrar em mim.
Todo jogo de amor tem um limite.
Não se pode ser o outro.
É o fim do amor.
Repulsa.
As ondas quebrariam em mim.
Eu não posso mais voltar!
Eu não posso mais voltar.
Eu não posso mais voltar....

Se eu morrer aqui...
E você,
como eu,
um dia,
admirado...
Em silêncio,
for compreendido pelas ondas.
Pelo silêncio dessa praia...
Você vai amar.
Você vai me amar.
Porque agora eu sou o silêncio que te aceita.

Eu seria o silêncio que te aceita...

Se depois de 3 horas e 40 minutos não fossem necessárias as palavras...
“Oi, Aline! Você por aqui!”
“Pois é. Eu por aqui.”