terça-feira, 12 de outubro de 2010

ps:


Não, você não entenderia não é mesmo? Não entenderia o rombo aveludado que fez no meu peito com apenas uma palavra. Não tem mesmo muito o que entender... Acho engraçado como você consegue. Como consegue machucar com tanta leveza. Como consegue sentar no seu trono de dor e encantar a todos. O rombo lateja. Mais uma vez me vejo obrigada a agir de médico e suturar a mim mesma. Juntar os pedaços. Não, você não entenderia minha preocupação. Minha vontade de agradar, minha vontade de você. Não entenderia meu querer te acompanhar a todo o instante ou minha razão de te querer bem. Você não me compreende e talvez nunca virá a compreender. Não me compreende porque não sabe o que é o amor. Não, você não ama, o que você tem não é amor, é sede. E na sua sede você me arrasta. Eu me arrasto. Levo-me na sua direção sempre na tentativa de ser a chuva para sua seca. Na tentativa de ser suficientemente molhada pra afagar a sua garganta ríspida. Mas você não entende o que é querer ser o apaziguamento da dor do outro. Não entende o que é tentar a todo custo ser seu tudo. Ser seu algo. Ser seu. Só queria te dar meus braços, minhas pernas, meu seio, meu pulmão. Queria te dar meus órgãos dilacerados, juntar-me aos seus também espalhados e formar um só ser. E assim me esvaziar de mim pra dar tudo a você. Quem sabe tudo de mim te preencheria de algo? Quem sabe tudo de mim te desse alento, aconchego, tato. Quem sabe cuidaria de ti como você faz parecer que precisa ser cuidado. E o que fica é oco. O que marca é gesto. Doar-se tanto até não sobrar. Abraçar tanto até sufocar. Não teria problema se você morresse no meu abraço porque eu morreria também. É... você não sabe o que é o amor...


Frankenstein

3 comentários:

Aline Gomes disse...

Puta que pariu. Caralho. Puta que pariu. (...)

Aline Gomes disse...

É isso. O amor é uma dor.

Prih disse...

Caralho! esse está mt foda! extremamente lindo! amei! loucamente!