domingo, 23 de janeiro de 2011

Parque de sensações.

Amusement Park by ~Poof2507 on Deviantart

Gostar de você é como brincadeira de criança. É como ser criança. As coisas ou são “de brinks” ou são “de vera”. Ou é tudo ou é muito pouco. É como ainda estar do lado de fora do parque de diversões e avistar a montanha russa e não achá-la tão grande... sorrir... desejar ir... ter certeza que tem coragem suficiente pra ser só diversão. É explodir de emoções antes mesmo de entrar no parque. É ser pequenininho e torcer pra conseguir ser maior que o limite de altura que se pede pra entrar na montanha russa. É depois de ser aceito, de passar da angústia da espera, realmente olhar pra cima, e aí falar: “Putaquepariuéaltopracaralho.” É o medo que dá quando na montanha russa se coloca o cinto de segurança... Você pensa: “Se eu preciso de um cinto de segurança é porque é perigoso.” É o medo que dá por precisar de um cinto de segurança. Não era pra ser divertido? Não era um brinquedo? Por que é tão sério? É a falta de coragem que dá nessa hora... É a vontade de fugir, é a vontade de correr. É o vazio que dá dentro de si, é o medo de faltar algo no meio do caminho, é o medo do caminho dar errado, é o receio de cair. É exatamente isso. Gostar de você é o receio de cair, mesmo usando um cinto de segurança. O carrinho começa a andar, você olha pro lado, vê um rosto amigo e te dá fé. Uma fé que você vai... você tem que sobreviver, mesmo porque agora não tem mais volta. Mas você vai sobreviver. É seguro, mas ainda assim dá medo. Agora é um excesso de fé... na lentidão do carrinho que sobe pro alto. E ele sobe... é excesso de medo e fé. E ele sobe... é excesso de expectativa pelo que ocorre na descida... E ele sobe... é ver em volta e se acalmar, é ver o rosto amigo que se diverte. E ele sobe... é achar que o mundo é mais bonito do alto. É chegar no alto, parar, piscar e dái... o espanto. O mundo é realmente mais bonito do alto. É o espanto... por excesso de felicidade. É o espanto por achar que não podia ser assim tão feliz. É o topo. É você, pequenininho, no topo do mundo. Ouve-se um “clack”... Isso é sinal de descida, de velocidade, de olhos bem abertos que na verdade queriam estar fechados. É o retorno do medo. É o grito, é o nervoso na barriga, é a descida, é o medo da morte, é a velocidade, é o vento nos cabelos, é o loop, é rir do medo bobo, é velocidade, é conseguir fechar os olhos e imaginar o caminho que quiser, é o excesso do tudo, é o excesso de mundo. É sentir diminuir a velocidade e se arrepender de não ter aproveitado mais, é querer ir de novo, mesmo sabendo do medo, da necessidade do cinto de segurança, é querer ser o topo do mundo um por um pouco mais de tempo... mesmo sabendo que vai cair. É sentir falta do vento, do ar, do medo, da fé, do espanto, enquanto se anda no terreno plano acimentado. É sentir falta de não estar com os pés no chão. Mas é, ao mesmo tempo, ficar feliz por ter voltado ao chão. Excessos. Você ouve: “Vamos tentar outra coisa?” É depois rodar num carrossel e ficar tonto. É depois do carrossel... achar que o chão não é chão. Ter os passos meio bêbados, o olhar meio turvo e ver uma realidade distorcida. É saber que o terreno plano acimentado pode não ser só “terreno plano acimentado”, logo depois de ter experimentado o céu e ter achado que o chão era só chão. É sentir os passos bêbados, o chão torto, mole, distorcido. É uma distorção de tempo e espaço. É sentir o universo em expansão. É imaginar universos em bolhas de sabão que voam no ar. É fazer poesia do “lixo”, é mudar perspectivas, é inventar realidades. Gostar de você é fazer felicidade nos excessos e faltas. Gostar de você é a felicidade nos contrastes. É saber que vai sentir falta. É saber, antes de ir embora, que vai sentir falta. É não querer ir embora nunca. É ter medo de ir embora e não poder voltar: por estar velho demais, alto demais, esnobe demais pra se permitir, por não “ser” mais... Você é o meu parque de sensações e eu te amo nos contrastes.

Um comentário:

Nathalia Silveira disse...

seguindo o ritmo...escrevi o versinho do sorriso