quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz 2011

O que fazer quando se tem a convicção, desde os 8 anos de idade, de que se irá morrer aos 22? O que fazer quando ninguém deixa falar sobre isso? É como se angustiasse a eles mais do que a você... Sim, aos 8 não me angustiava tanto. Eu pensava: “14 anos é muito tempo. Dá pra fazer muita coisa.” Aos 8 anos eu acreditava em felicidade, em amor, em Deus, em vida, em viagens, em “tudo bem”. Aos 8 anos eu achei que dava pra fazer felicidade nesse tempo que eu tinha. Tempo...


O que eu fiz? Eu esperei... E, esperando, eu comecei a desacreditar em amor, em felicidade, em Deus, em vida, em “tudo bem”.


Começa 2011 e eu só tenho uma angústia desesperadora no peito. Daquelas que fazem faltar ar, faltar palavra, faltar vontade. Eu tenho a convicção de que só tenho um ano e me falta vontade? Que tipo de imbecil eu sou? Ah... eu sou daquele tipo que se perdeu em 12 anos. Eu fui daquelas que ganhavam coisas que faziam perder. Obvio que ganhei muita coisa, mas o que eu faço com o que eu perdi?


Fiz uma lista de casamento. Tipo casamento, uma promessa de fidelidade e uma impossibilidade de variações de parceiros sexuais. Então, tipo uma promessa de fidelidade e uma impossibilidade de variações de vidas. Começa, obviamente, por parar de ler tantos livros, ver tantos filmes, ouvir tantas músicas e fazer minha própria história. Eu sempre quis ser outra coisa, em outro lugar, por outros motivos... Mas vamos ser fiéis a isso aí que eu me fiz, que eu me montei. Pelo menos esse ano eu quero ser isso, nesse lugar, por esses motivos.


E, sendo isso, eu quero me ouvir.

Eu quero me sentir.


Me ouvindo:

Eu quero fazer algo que eu sinta medo.

Tipo altura... Por que não fazer algo que seja no alto?

Eu quero viajar sozinha.

Eu quero conversar com desconhecidos.

Eu quero aceitar convites.

Eu quero aceitar inesperados.

Eu quero gastar menos dinheiro, afinal, ele não é meu.

Mas antes de parar de gastar dinheiro eu quero fazer a tatuagem.

Só pra marcar na pele que a minha alma vagou desesperadamente pelo mundo em busca do amor.

Falando em amor...

Dizer várias vezes à minha famílias que eu os amo.

Acho que nunca me fiz entender.

Eu quero me fazer entender.

Dizer às minhas amigas que elas são as mulheres mais fascinantes que eu já conheci,

cada uma a seu modo...

E agradecer cada carinho que já me deram mesmo que eu nunca tenha sido o ser mais doce do mundo.

Eu quero terminar o presente da Thati.

Eu quero jogar fora determinadas lembranças pra que fique de mim coisas materialmente boas.

Eu quero parar de tomar remédios pra emagrecer.

Eu quero cortar meu cabelo curto.

Nesse momento, eu quero chorar. Mas eu ainda não sou fiel a mim.

Eu quero que alguém se apaixone por mim.

Eu quero me sentir amada ao menos uma vez.

Eu quero, assim, viajar acompanhada.

Eu quero acordar do lado de um amor.

Um amor diferente do amor do meu cachorro.

Acordo com um beijo de amor todo dia.

Adoro isso,

mas eu queria abrir os olhos e pensar:

“É você.”

Mesmo que seja por um dia.

Eu quero que alguém abra os olhos e pense:

“É você.”

Eu quero me sentir amada ao menos uma vez.

Eu quero dizer o que penso e não me sentir ridícula.

Nesse momento, eu só quero chorar porque eu me sinto ridícula.

Eu quero dar minha opinião, sem vergonha. Minha opinião sem vergonha.


Eu quero me sentir até não sentir mais.

Eu quero me pensar.

Eu quero aprender a tocar o início de "Naima".

Eu quero aprender a dançar junto um Jazz.

Eu quero pintar um jardim.

Falando em jardim, eu quero plantar um jardim.

Com gérberas, de preferência. E acácias. E jasmim. Posso ter um girassol?


Eu quero pensar uma vida sem mim que não me machuque.


O que fazer quando se tem a convicção desde os 8 anos de idade de que se irá morrer aos 22? Aproveitar o tempo? Tempo... Falta um tanto ainda, eu sei.


Eu quero um feliz 2011.


Mas como eu disse... me falta ar, me falta vontade.

O que acontece se eu só esperar?

Esperar o "Nada" me acontecer...?


Me falta ar... Me falta a...

Um comentário:

Aline Gomes disse...

"POR ALINE ÀS 22:22"

Eu ri.